O livro Infância e suas linguagens de Marcia Aparecida Gobbi e Mônica Appezzato (2014), publicado pela Cortez, propõe uma reflexão profunda sobre as múltiplas formas de expressão e comunicação presentes no universo infantil. A obra se baseia na compreensão das linguagens como um conjunto de possibilidades que favorecem a interação das crianças com o mundo. Este artigo aborda os principais conceitos do livro, destacando as diferentes linguagens, suas implicações pedagógicas e a importância de um olhar atento às múltiplas formas de aprender e se comunicar.
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1. A Infância como Fase de Construção de Linguagens
1.1. O Conceito de Linguagens na Infância
No contexto da obra de Gobbi e Pinazza, as linguagens não se limitam à verbalidade, mas se expandem para diversas formas de expressão, como a musicalidade, a arte, o movimento e as linguagens corporais. As autoras afirmam que “a infância é o momento de construção e apropriação das linguagens”, onde as crianças experimentam e manifestam seus sentimentos, pensamentos e compreensões do mundo (GOBBI; PINAZZA, 2014, p. 22).
Essas linguagens, ao serem vivenciadas na prática pedagógica, ampliam as possibilidades de aprendizagem, tornando a escola um espaço para o desenvolvimento integral das crianças. Ao trabalhar com essas diversas formas de expressão, os educadores contribuem para que as crianças compreendam as diferentes formas de interação com o meio social. A criança, ao se envolver com diversas linguagens, constrói um repertório simbólico mais amplo, essencial para a expressão de seus próprios sentimentos e para o estabelecimento de relações com os outros.
1.2. A Importância das Linguagens na Formação Infantil
As autoras destacam que o papel da educação infantil vai além de proporcionar o domínio de uma única linguagem, o verbal, sendo essencial que a criança tenha acesso a uma gama de expressões. “O desenvolvimento de múltiplas linguagens deve ser promovido por meio de experiências sensoriais e cognitivas que conectam a criança com seu mundo interior e com o externo” (GOBBI; PINAZZA, 2014, p. 45). As linguagens representam, portanto, a capacidade de o indivíduo dialogar consigo mesmo e com os outros, formando uma base para a construção do conhecimento.
O papel da escola é fundamental nesse processo, pois é nela que a criança pode ter acesso a diversos tipos de expressões que são essenciais para seu desenvolvimento. Além disso, as linguagens oferecem aos alunos a oportunidade de explorar suas próprias identidades, a diversidade cultural e o contexto social em que estão inseridos. As crianças aprendem a se expressar de diferentes maneiras, o que enriquece sua visão de mundo e fortalece a capacidade de se comunicar de forma eficaz e criativa.
2. Linguagens e a Prática Pedagógica: Contribuições e Desafios
2.1. A Escola como Espaço de Produção de Linguagens
A prática pedagógica, de acordo com as autoras, deve valorizar as produções e expressões da criança. Em vez de tratar a linguagem apenas como um veículo de transmissão de conteúdo, a escola deve ser um ambiente onde as linguagens se entrelaçam e se expandem, promovendo o aprendizado de maneira integral.
“A escola deve se tornar um lugar onde as diferentes linguagens convivem e se somam, permitindo que a criança tenha acesso ao seu potencial criativo” (GOBBI; PINAZZA, 2014, p. 67). Para isso, o currículo escolar precisa ser estruturado de maneira a favorecer a exploração de múltiplas formas de comunicação, considerando a cultura e o contexto em que a criança está inserida. Isso requer uma formação contínua dos educadores, que devem estar atentos às necessidades e particularidades dos alunos, oferecendo oportunidades para a experimentação e a expressão livre.
Na prática, isso significa que os educadores devem criar atividades que envolvam as crianças de maneira holística. Por exemplo, ao trabalhar um tema como a natureza, pode-se promover atividades de desenho, leitura, canto e até mesmo atividades físicas que estimulem o movimento corporal. Assim, a criança não aprende apenas sobre a natureza por meio de textos, mas também por meio da observação direta, da criação artística e da experiência sensorial.
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2.2. Desafios no Ensino das Linguagens na Infância
No entanto, Gobbi e Pinazza alertam para os desafios que os educadores enfrentam na implementação dessa proposta pedagógica. “A formação dos professores precisa passar por uma reflexão crítica sobre a infância e sobre as diferentes formas de linguagem que a criança utiliza para se expressar” (GOBBI; PINAZZA, 2014, p. 82). Isso implica em adaptar as práticas pedagógicas para valorizar as linguagens não verbais, como o jogo, o desenho, a música e a dança, que frequentemente são subestimadas em ambientes educacionais tradicionais.
Os educadores devem ser conscientes da importância de cada linguagem e do potencial que cada uma tem no desenvolvimento da criança. Infelizmente, muitas vezes as linguagens não verbais são deixadas de lado ou não recebem a devida atenção no processo de ensino-aprendizagem. A implementação dessas linguagens requer uma mudança de paradigma, onde o currículo e as metodologias de ensino precisam ser mais flexíveis e abertos às necessidades de expressão das crianças.
Além disso, os educadores devem estar preparados para lidar com a diversidade de linguagens presentes em sala de aula, uma vez que as crianças podem ter diferentes formas de se expressar, dependendo de sua cultura, contexto social e experiências prévias. Isso exige uma postura inclusiva e adaptativa por parte dos professores.
3. Linguagens e o Processo de Aprendizagem
3.1. A Interação entre Linguagens e Conhecimento
Uma das principais discussões do livro é como as diferentes linguagens influenciam o processo de aprendizagem. A criança não só aprende por meio da fala e da escrita, mas também pelas manifestações artísticas, como a pintura e o teatro, que proporcionam um meio rico e diversificado para o aprendizado.
“Gobbi e Pinazza argumentam que a arte, o corpo e a música, por exemplo, são canais essenciais para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e afetivas” (GOBBI; PINAZZA, 2014, p. 94). Essas linguagens promovem a conexão entre a mente e o corpo, permitindo que a criança aprenda de forma mais profunda e integral.
Além disso, a utilização das linguagens artísticas e expressivas favorece a construção de conhecimento de forma lúdica e prazerosa. O aprendizado não se dá apenas por meio da memorização de conceitos, mas por meio da vivência, da experimentação e da interação com o meio ambiente. A criança aprende a refletir sobre suas experiências e a comunicar suas ideias de forma criativa.
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4. Perguntas Frequentes (FAQS)
4.1. O que é a “linguagem infantil” abordada no livro?
A “linguagem infantil” discutida no livro vai além da fala e envolve as formas de expressão de uma criança, como o jogo, o desenho, a dança e a música. A obra enfatiza que a criança se comunica com o mundo de maneiras múltiplas e interconectadas.
4.2. Como o livro contribui para a prática pedagógica na educação infantil?
A principal contribuição é a valorização das múltiplas linguagens no ambiente escolar. A obra sugere que os educadores integrem essas diversas formas de expressão nas atividades diárias, criando um ambiente mais rico e inclusivo para o aprendizado infantil. Isso promove um ensino mais completo e envolvente, no qual as crianças podem se expressar e aprender de maneira significativa.
4.3. Quais são os desafios apontados no livro em relação à implementação das linguagens na educação infantil?
Os desafios incluem a falta de formação específica dos educadores sobre a importância das linguagens não verbais e a resistência a metodologias que integrem as artes e outras formas de expressão no currículo escolar tradicional. Para superar esses desafios, é essencial que a formação dos professores seja renovada e ampliada, para que eles possam lidar com a diversidade de linguagens presentes nas salas de aula.
4.4. Quais são as vantagens de se trabalhar com múltiplas linguagens na infância?
Ao trabalhar com múltiplas linguagens, a criança desenvolve habilidades cognitivas, afetivas e motoras, além de aprender a se comunicar de formas diversas, favorecendo um aprendizado mais profundo e significativo. Isso contribui para a construção de uma criança mais criativa, crítica e capaz de se relacionar de forma positiva com o mundo ao seu redor.
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