A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/1996, é o principal marco regulatório que estrutura o sistema educacional brasileiro. Seu artigo 1º é fundamental para compreender o conceito de educação que orienta todas as suas diretrizes e bases. Este artigo busca explorar detalhadamente os aspectos essenciais do conceito de educação contidos nesse dispositivo legal, destacando seus princípios, objetivos e implicações práticas.

O Artigo 1º da LDB: Um Panorama Geral
O texto do artigo 1º da LDB estabelece que: “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.” Esse dispositivo legal destaca a abrangência do conceito de educação, que vai além do contexto escolar formal, alcançando as diversas esferas da vida social. Segundo Libâneo (2013), a educação formal é apenas uma dimensão do vasto campo educativo que inclui também os espaços de socialização e desenvolvimento.
A Educação como Processo Formativo
A palavra “processo” indica que a educação não se limita a eventos isolados ou a um período específico da vida. Em vez disso, é um fenômeno contínuo e dinâmico, atravessando diferentes etapas e experiências. De acordo com Paulo Freire (1996), “A educação é um ato de amor e, por isso, um ato de coragem”, refletindo o caráter permanente e humanizador do processo educativo. A LDB reconhece que o aprendizado ocorre não apenas em ambientes formais, como escolas e universidades, mas também em contextos informais e não-formais.
Educação Formal, Informal e Não-Formal

- Educação Formal: Engloba os processos educativos sistematizados, organizados em etapas como educação infantil, ensino fundamental, médio e superior. Piaget (1973) defende que a educação formal deve promover o desenvolvimento cognitivo através de experiências de exploração e descobertas.
- Educação Informal: Acontece de maneira espontânea, no cotidiano, através da vida familiar, experiências culturais e interações sociais. É importante lembrar que Vygotsky (1978) enfatiza o papel das interações sociais no desenvolvimento do conhecimento e das habilidades.
- Educação Não-Formal: Refere-se a programas e iniciativas educativas fora do sistema de ensino oficial, como cursos livres, seminários e ações comunitárias. O conceito está alinhado à ideia de educação ao longo da vida, defendida pela UNESCO (2015).
Educação como Transformação e Conscientização
Paulo Freire, em sua obra Pedagogia do Oprimido (1970), afirma que “a educação não transforma o mundo, a educação muda as pessoas, e as pessoas transformam o mundo”. Essa abordagem crítica reforça a ideia de que a educação vai além da mera transmissão de conhecimento, englobando também a formação de sujeitos críticos capazes de interagir com a realidade de forma transformadora.
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A Educação no Contexto Social e Cultural
A LDB reconhece a educação como um processo que se desenvolve em vários contextos da vida. A seguir, exploramos alguns dos principais cenários mencionados no artigo 1º:
Vida Familiar
O papel da família na formação educacional é inquestionável. Desde os primeiros anos de vida, as experiências familiares moldam os valores, as atitudes e os comportamentos das crianças, estabelecendo as bases para o aprendizado formal. Como afirma Pestalozzi, “A família é a primeira escola do ser humano”.
A família, segundo Emmi Pikler, também promove um ambiente que respeita o ritmo individual da criança, enfatizando o valor da autonomia e da segurança emocional no desenvolvimento integral.
Convivência Humana
A interação com outras pessoas é um elemento essencial do processo educativo. As relações sociais promovem habilidades como comunicação, empatia e resolução de conflitos, que são fundamentais para o desenvolvimento pessoal e social. Segundo John Dewey (1916), “A educação é um processo social” e seu verdadeiro propósito é preparar as pessoas para a vida em comunidade.
Lev Vygotsky complementa essa perspectiva com a teoria da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), explicando que o aprendizado ocorre de maneira mais eficaz quando as crianças são guiadas por pessoas mais experientes.
O Trabalho como Espaço de Aprendizado
O ambiente de trabalho oferece experiências formativas valiosas. A prática profissional contribui para o desenvolvimento de habilidades técnicas, competências interpessoais e capacidades de resolução de problemas. A relação entre educação e trabalho está presente nas ideias de Anísio Teixeira, que valorizava o ensino prático como forma de preparar o indivíduo para a vida real.
De acordo com Donald Schön (1983), o conceito de “profissional reflexivo” sugere que a aprendizagem no trabalho é um processo contínuo, baseado na reflexão sobre a prática.
Instituições de Ensino e Pesquisa
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As instituições formais, como escolas e universidades, desempenham um papel central na educação. Elas são responsáveis por sistematizar o conhecimento, promover a pesquisa e formar cidadãos críticos e participativos. Segundo Durkheim (1922), “A educação tem por objeto suscitar e desenvolver, numa criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais”.
Piaget enfatiza que o papel do professor é “provocar situações que instiguem o pensamento”, destacando a importância do ensino baseado no desenvolvimento cognitivo ativo.
Movimentos Sociais e Organizações da Sociedade Civil

Movimentos sociais e organizações não governamentais também são espaços importantes de educação, promovendo conscientização política, social e ambiental. Paulo Freire destaca que a educação popular é um meio eficaz de transformação social.
A pedagogia social, como proposta por Antonio Carlos Gomes da Costa, também enriquece esse campo ao abordar a importância do trabalho comunitário no fortalecimento do aprendizado.
Manifestações Culturais
A cultura é um poderoso meio de educação, expressando valores, tradições e experiências humanas por meio da arte, da música, da literatura e de outras formas de expressão. Segundo Bruner (1997), “A cultura dá forma à mente” e é através dela que as sociedades transmitem conhecimento.
Freire reforça que “ler o mundo” é um processo fundamental, destacando que a educação deve dialogar com as expressões culturais para promover uma compreensão crítica da realidade.
Princípios e Finalidades da Educação Segundo a LDB
Educação e Cidadania
A LDB enfatiza que a educação tem como finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Esses princípios reforçam a dimensão humanista e social do processo educativo. Rousseau, em sua obra Emílio (1762), afirma que “A educação é o que nos faz homens”.
Freire também argumenta que “a cidadania não é algo que se aprende apenas na escola, mas que se vive na prática social”.
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Educação e Pluralismo de Idéias
O pluralismo de ideias e concepções pedagógicas é um valor central da LDB, reconhecendo a diversidade de perspectivas e abordagens no campo educacional. Dewey defendeu que a diversidade no pensamento é essencial para a democracia e a inovação.
Inclusão e Igualdade de Acesso
A LDB também estabelece o princípio da igualdade de acesso e permanência na escola, promovendo uma educação inclusiva e equitativa para todos os cidadãos. Segundo Vigotsky, “Cada indivíduo se desenvolve em interação com os outros”, enfatizando a importância da inclusão no contexto educacional.
Maria Montessori, pioneira na educação inclusiva, afirma que “a educação deve ajudar no desenvolvimento natural de cada ser humano”, ressaltando a importância de ambientes preparados para acolher a diversidade.
Implicações Práticas do Conceito de Educação da LDB
A compreensão ampla de educação contida no artigo 1º da LDB tem implicações práticas significativas para políticas públicas, currículo escolar e práticas pedagógicas. O compromisso com a educação como um direito social, conforme descrito no artigo 205 da Constituição Federal, reforça a necessidade de assegurar um ensino de qualidade acessível a todos.
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